terça-feira, 20 de setembro de 2016



venres 05 abril 2013

O conceito de Aliança como referência simbólica na teologia de Gênesis

por Jorge Pinheiro


[Em especial, para meus alunos de Filosofia II, 
para a discussão de historicidade e símbolo na construção da linguagem religiosa] 


Índice 

1. Introdução 

2. Um personagem transistórico num contexto real 

3. A materialidade da Aliança 

4. Uma construção histórico genética 

5. Considerações



A discussão em torno de referências simbólicas na teologia de Gênesis é polêmica, pois o próprio conceito de referência simbólica, para muitos teólogos, seria um limitação para um outro conceito: o de revelação progressiva. Ora, dizem eles, se a revelação é progressiva toda definição de referência é descabida [1]. Acontece que não devemos falar de uma referência linear em progressão, mas de uma expansão. Poderíamos tomar uma imagem, apesar dos perigosos que um grafismo pode representar, de círculos concêntricos formados na água ao cair de uma pedra. A expansão se dá em todos os sentidos, há sem dúvida uma progressão, mas temos uma referência, criada pelo choque da pedra com a água. 

Um personagem transistórico num contexto real 

A teologia de Gênesis tem como referência simbólica o conceito da aliança, não como paradigma doutrinário gerador de dogmas, mas como descrição de um processo vivo, que tem origem em determinado momento histórico, numa relação entre o Eterno e um homem transistoricamente definido [2]. Assim, ao entendermos o conceito de aliança como centro unificador do livro de Gênesis e, por extensão, do Hexateuco, a leitura do texto bíblico passa a ter uma compreensão definida, que cresce conforme a aliança se transforma em osso e carne, primeiramente, na vida dos patriarcas e, posteriormente, na formação da própria nação. 

O livro de Gênesis apresenta a humanidade recém formada como monoteísta[3]. Até o capítulo 11 não vemos nenhum traço de idolatria. Só após Babel surge a idolatria, que seria contemporânea ao aparecimento das nações da Antigüidade. Assim, a partir de Gênesis 12, temos nações idólatras e politeístas e indivíduos que adoravam ao Deus único. Entre estes estão Abrão e Melquisedeque. A compreensão desse fato é importante para tirarmos das costas de Abrão a responsabilidade de ter criado a primeira religião monoteísta. Ele não criou a religião do Eterno único, mas deu seqüência a uma tradição, no sentido de transmissão de conhecimento e cultura, que vinha, em parte, de seus antepassados. 

Vejamos um pouco mais sobre a transistoriedade desse homem, conforme descrita em Gênesis 12:1 a 25:18. Ele vivia na terra formada entre os rios Tigre e Eufrates, às margens de um afluente do Eufrates, chamado Balique. Viveu com sua família em Harã, uma cidade altamente desenvolvida. Seus parentes - Terá, Naor, Pelegue, Serugue - têm seus nomes registrados nos documentos de Mari e dos assírios como nomes de cidades naquelas regiões[4]. 

A cidade de Ur, onde vivera antes de ir para Harã, é situada pelos arqueólogos na região da moderna Tell el-Muqayyar, a catorze quilômetros de Nasiryeh, no sul do Iraque. Segundo estudos de Sir Leonard Woolley, do Museu Britânico, que reconstruiu a história de Ur desde o quarto milênio até o ano 300 a.C., o deus-lua Nanar, que era adorado em Ur, também era a principal divindade em Harã. 

É interessante agregar, que a ofensiva da teologia liberal, que se baseava principalmente nos estudos de Graf-Wellhausen[5], e que afirmam que Abraão, Isaque e Jacó não existiram como pessoas, mas são personagens criados pela literatura oral israelita entre os anos 950 e 400. Porém, essa visão entra em confronto com informações arqueológicas atuais. A partir de 1925, uma série de descobertas arqueológicas produziu uma revolução de informação até então inédita. “Temos agora textos, literalmente dezenas de milhares, contemporâneos ao período das origens de Israel”[6]. E Bright cita os 25 mil textos de Mari; os milhares de textos capadócios; os das Execracões, os do médio Império Egípcio; e os tabletes de Nuzi, Alalakh, e Ras Shamra, produzidos entre os séculos 20 a.C. e 14 a.C.. 

Ao sair de Harã, Abrão deixava para trás a cultura politeísta babilônica. Mas isso não significa que todos os seus parentes compartilhavam suas idéias sobre a adoração do Deus único. Em Josué 24:2 vemos que membros de sua família eram politeístas. Em Canaã, também estava rodeado de idólatras, mas mesmo assim erigiu um altar ao Senhor. 

Este homem Abrão era, sem dúvida, alguém especial. Sua fé no Deus único produziu em sua vida um fruto muito especial. Era um homem que procurava a paz (13: 8+), generoso (14:21+), hospitaleiro (18:1+), intercessor (18:23+), que busca a justiça e o direito (18:19). Era um homem moral e temente a Deus. 

A materialidade da Aliança 

Dessa maneira, os livros de Gênesis e Êxodo apresentam a fé israelita, enquanto construção, fundamentada em dois acontecimentos históricos. O primeiro, é a escolha de um homem transistoricamente definido, chamado Abrão, que foi tirado da cidade de Ur e levado para Canaã, uma terra prometida a ele e sua descendência (Gn.19:31; 12:7). Essa promessa foi selada com um pacto, uma aliança entre o Eterno e Abrão, conforme Gênesis 15: 5-10. E o segundo fato histórico é a libertação dos descendentes de Abrão da escravidão do Egito, através de Moisés, e sua entrada na terra prometida (Ex. 3:6-10). Esses dois acontecimentos expressam a materialidade da aliança, que se traduz como escolha de Deus a favor de um homem, gerador de um povo, para uma missão definida. Realidade esta que foi reafirmada, centenas de anos depois, pelo príncipe dos profetas israelitas: “Ouvi-me, vós, que estais à procura da justiça, vós que buscais a YHWH. Olhai para a rocha da qual fostes talhados, para a cova de que fostes extraídos. Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, aquela que vos deu a luz. Ele estava só quando o chamei, mas eu o abençoei e o multipliquei”. Isaías 51: 1 e 2. 

A aliança com Abrão foi selada com sangue, conforme os versículos 9 e 10 do capítulo 15 de Gênesis. Segundo os costumes semitas, o berit (pacto ou aliança) era feito através da degola de animais, geralmente um bezerro, que era dividido em duas partes, colocadas uma em frente à outra, e os contratantes passavam entre os pedaços (Jr.34:18-20) e diziam: “Que a Divindade corte em pedaços, como a estes animais, os violadores deste pacto”[7]. Daí as expressões, “karot berit”, imolar uma vítima para concluir um pacto; “bo ba berit”, entrar na aliança (Jr. 34:10); “abor ba berit”, passar pela aliança (Dt. 39:2); “amod ba berit”, parar na aliança (II Rs.23: 3). 

Assim, o Eterno deu a Abrão uma formalização do pacto. Ou seja, o próprio Deus selou o acordo com um costume humano, a fim de que a aliança pudesse ser visualizada por Abrão. E o Eterno, em seu amor pelo contratante mais fraco, passa no meio dos animais partidos (Gn. 15: 17). O versículo seguinte agrega: 

“Naquele dia, o Eterno estabeleceu uma aliança com Abrão nestes termos: à tua posteridade darei esta terra (...)”. 

Aqui voltamos ao início dessa análise: por que a referência simbólica da aliança fornece uma base para a compreensão do livro de Gênesis? Em primeiro lugar, porque o diálogo do Eterno com Adão e Eva em Gênesis 3: 15 aponta para um Salvador. E em Gênesis 15 temos a primeira realização dessa promessa através da aliança com Abrão, que produzirá descendência, com duas missões: ser testemunha entre as nações, e ser nação separada, da qual nasceria o Messias prometido. 

“É de suma importância entender que a aliança iniciou uma nova relação entre Deus e Israel, uma relação imposta por YHWH, mas exclusiva e íntima em seu ideal”[8]. Embora, na tradição judaica, o livro de Êxodo seja o livro da aliança, o conceito está presente e é desenvolvido no primeiro livro do Pentateuco. Na aliança está embutida a idéia de salvação e de relacionamento pessoal com o Eterno. Esta realidade nova dentro do plano de redenção do homem, está implicita na declaração do Eterno a Abrão: “Estabelecerei uma aliança entre eu e você, e a sua raça depois de você, de geração em geração, uma aliança perpétua, para ser o seu Deus e o da tua raça depois de você”. Gn. 17:7. E como todo pacto, além do “berit milah” (pacto da circuncisão), Abrão e seus descendentes são chamados à responsabilidade moral (v. 1) e a uma adoração permanente (v. 7 e 19). Elementos estes, que a partir de Moisés serão desenvolvidos, dando origem à religião de Israel, que tem por base, num primeiro momento histórico a primazia do culto e suas ordenanças e, num segundo momento, com o surgimento da profecia literária, da justiça social. Assim, é impossível fazer uma completa separação entre Aliança e Reino. Este último será uma construção que tem como primeiro tijolo a nova relação estabelecida pelo Eterno com pessoas. 

Uma construção histórico-genética 

Aqui, somos obrigados a recorrer a alguns conceitos da moderna epistemologia, para entendermos o papel da transmissão do conhecimento de Deus e de sua vontade, realizado através da aliança, que Gênesis nos aporta. Segundo Piaget, quando estudamos o desenvolvimento e a construção das estruturas de conhecimento, vemos que esta construção se dá através de uma dissociação de conteúdos e da elaboração de novas formas, mediante uma abstração reflexiva de conhecimentos anteriores [9]. Ora, a relevância da epistemologia genética está em que ela nos mostra que, por mais importantes que sejam as origens de dado conhecimento, o que vai determinar sua essência é seu movimento genético. Assim, quando temos a formalização desse processo temos de fato um conhecimento inteiramente novo, que extrapola os dados iniciais, transbordando o real. 

Ora, sabemos que a circuncisão [berit milah] na época de Abrão era um costume generalizado, associado aos poderes da reprodução humana, que servia de distintivo tribal[10]. Sabemos, também, como vimos anteriormente, que os pactos eram selados com sangue e o seu rompimento significava a morte do transgressor. Esses conteúdos faziam parte da cultura de Abrão e de seu clã. Da mesma forma, outros conteúdos, como adoração / “edificar um altar” (Gn.12: 8), obediência / “foi habitar nos carvalhais de Manre” (13: 17-18), entrega de bens e posses / “e de tudo lhe deu o dízimo” (14:20), fidelidade / “ele creu no Senhor” (15: 6), e consciência da onipotência divina / “não fará justiça o juiz de toda a terra?” (18: 25) são conteúdos espirituais da fé de Abrão e dos homens santos que o antecederam. 

Dessa maneira, a questão não está centrada nas origens desses conteúdos que, sem dúvida, são históricos e refletem as culturas das civilizações mesopotâmica e da bacia do Nilo, assim como a tradição monoteísta na época de Abrão. O fundamental aqui é entender que esses conteúdos se organizam em nova estrutura: a aliança abrâmica, que se constrói geneticamente, com história peculiar. Esta aliança, cuja gênese e história mostram uma elaboração sucessiva, que é o próprio Pentateuco, como síntese linguística, não é pré-formada. Sua construção histórico-genética é autenticamente constitutiva e não se reduz a um mero conjunto de conteúdos acessíveis. 

Mas há um bereshit, um fiat, um momento especial que dá origem à essa estrutura nascente: é a revelação. A partir da promessa de Gênesis 3:15 temos, agora, uma revelação nova. A aliança surge como revelação, que dá vida a antigos conteúdos, colocando em movimento um processo histórico-genético que vai-se construir enquanto estrutura (povo escolhido / terra prometida) e dar novo salto com a formalização maior realizada no Sinai. 

Esta realidade leva a uma outra, que é o da linguagem do Pentateuco, na sequência da aliança. Considerando a moderna linguística, do ponto de vista estruturalista, vemos que a linguagem tem duas grandes características: por um lado é universal, enquanto estrutura geral, humana[11], e, por outro, é livre e não serve apenas à função comunicativa, “mas é antes um instrumento para a livre expressão do pensamento e para a resposta apropriada às novas situações”[12]. Isto é o que explica o fato de que as grandes revoluções do conhecimento são sempre acompanhadas pelo surgimento de uma linguagem nova e de novas estruturas de pensamento. Ora, a aliança descrita em Gênesis 15 e 17 vai abrir um processo de revolução em relação ao conhecimento de Deus e de sua vontade, e vai gerar uma nova linguagem. De forma crescente vemos nos capítulos seguintes de Gênesis e dos demais livros do Pentateuco essa nova linguagem ganhar forma e consolidar-se enquanto linguagem da teologia da aliança. Algumas palavras serão fundamentais nessa nova linguagem: acordo / aliança / pacto (berit, conforme Gn. 12:2; 15:17; 17:7-8; 22: 16-18); altar / holocausto / sacrifício (conforme Gn. 12:7; 22:9; 35: 1,7; Êx. 17:5; 24:4; 27:1-8; 30: 1-10; Lv. 16:16-19); circuncisão (berit milá, conforme Gn. 17:9-14; Ex. 4:24-26; Dt. 10:16); justiça / misericórdia (conforme Gn. 15:6) e santidade (conforme Gn.17:1; Êx. 19:6; Lv. 20:6). 

Assim, tem razão Mullins, citado por Byron Harbin, quando diz que “no Antigo Testamento, a aliança entre Deus e Israel era a base de todo trato de Deus com seu povo. O significado da aliança foi que Israel pertenceu a Deus e Deus pertenceu a Israel. A relação foi às vezes descrita com semelhante àquela entre pai e filho, ou como aquela de marido e esposa. Eis a declaração frequente no Antigo Testamento que Deus é Deus ciumento (Ex. 20:5; 34:14; Dt. 4:24; Is. 54:5; 62: 5; Os. 2:19)”[13]. Dessa maneira, através de Abrão, a aliança é em primeiro lugar pessoal, abrangendo cada vez um espectro maior: tribal, nacional, universal. Mas, quer no primeiro caso, pessoal, quer historicamente, como redenção, ela é sempre estrutural. 

Considerações

Mas, se aliança é eleição, escolha, implica em preferência por alguém, escolher por prazer ou por amor. E essa conceituação entre aliança e amor é muito claramente enunciada em I Reis 11:13, quando o Eterno afirma que escolheu Jerusalém por amor. Assim, aliança e amor não podem ser separados, embora não sejam a mesma coisa. A aliança é o selo, o pacto. O amor, o motivo que leva à aliança. No livro de Gênesis vemos o amor do Eterno na criação, na conversa com Adão e Eva e na promessa de um Salvador. Mas é na aliança que o amor pelo humano alienado torna-se material e compreensível. A saga dos patriarcas descendentes de Abraão, que se torna um pai de muitos povos, mostra o caminho da concretização dessa aliança. Eis o tema central de Gênesis e de todo o Pentateuco: o Eterno ama e casa-se com um povo, criado por ele, e comissionado por ele. O resto da história, nós conhecemos. E por amor estamos dentro da aliança abrâmica. 


Bibliografia 

Beek, M. A., “História de Israel”, Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1967 

Bright, J., “”História de Israel”, Ed. Paulinas, São Paulo, 1978 

Chomsky, Noam, “Linguística Cartesiana”, Ed. Vozes, Petrópolis, 1972 

Davidson, F., “O Novo Comentário da Bíblia”, Ed. Vida Nova, São Paulo, 1994 

Davis, John D., “Dicionário da Bíblia”, Casa Publicadora Batista, Rio de Janeiro, 1978 

Eichrodt, Walter, “O Homem no Antigo Testamento”, Publicação da Associação Acadêmica João Wesley, São Paulo, 1965 

Epsztein, León, “A Justiça Social no Antigo Oriente Médio e o Povo da Bíblia”, Ed. Paulinas, 1990 

Hasel, Gerhard, F. “Teologia do Antigo Testamento / Questões Fundamentais no Debate Atual”, Juerp, São Paulo, 1992 

Jakobson, Roman, “Linguística e Comunicação”, Cultrix, São Paulo, 1971 

Kaufmann, Yehezkel, “A Religião de Israel”, Ed. Perspectiva, São Paulo, 1989 

Kidner, Derek, “Gênesis, Introdução e Comentário”, Editora Mundo Cristão, São Paulo, 1991 

Lefébvre, Henri, “A Linguagem e a Sociedade”, Ed. Ulisséia, Lisboa, 1966 

Melamed, Meir Matzliah, “A Lei de Moisés e as Haftarot”, Miami, 1962 

Menorá, Dunatos, “Mensagem aos Judeus”, Ed. Minimax, São Paulo, 1960 

Rowley, H. H., “A Fé em Israel / Aspectos do Pensamento do Antigo Testamento”, Ed. Paulinas, São Paulo, 1977 

Schultz, Samuel J., “A História de Israel no Antigo Testamento”, Ed. Vida Nova, São Paulo, 1992 

Scott, R. B. Y., “Os Profetas de Israel / Nossos Contemporâneos”, ASTE, São Paulo, 1968. 


Citações

[1]”Não é necessário verificarmos a evolução do problema nos últimos dois séculos, quando surgiram apreciações bastante divergentes da teologia bíblica. A publicação da teologia de Eichrodt projetou a questão para uma nova dimensão. No seu entender, o “conceito central” e “símbolo apropriado” que garante a unidade da fé bíblica é a “aliança”.” Hasel, Gerhard F., “Teologia do Antigo Testamento / Questões Fundamentais no Debate Atual”, Juerp, São Paulo, 1992, pág. 57. 

[2] “A centralidade da aliança para a religião do AT já possuía defensores muito antes de Eichrodt: August Kayser, Die Theologie des AT in ihrer geschichtlichen Entwicklung dargestellt (Strassburg, 1886), p. 74: “A concepção dominante dos profetas, a âncora e o alicerce da religião do At em geral, é a noção de teocracia ou, utilizando a expressão do próprio AT, a noção de aliança”. G. F. Oehler, Theologie des AT (Tubingen, 1873), I, p. 69: “O fundamento da religião do AT é a aliança por meio da qual Deus recebeu a tribo escolhida, a fim de realizar seu plano de salvação”, in Hasel, Gerhard F., obra citada, pág.57. 

[3]Kaufmann, Yehezkel, “A Religião de Israel”, Ed. Perspectiva, São Paulo, 1989, pág.220. 

[4]Schultz, Samuel J., “A História de Israel no Antigo Testamento”, Ed. Vida Nova, São Paulo, 1992, pág. 31. 

[5]Wellhausen, J. “Prolegomena to the History of Israel”, Edinburgo, pág. 331. 

[6]Bright, J. , “História de Israel”, Ed. Paulinas, São Paulo, 1978, pág. 97. 

[7]Melamed, Meir Matzliah, “A Lei de Moisés e as Haftarót”, Flórida, 1962, pág. 33. 

[8]Harbin, Byron, “Teologia do Antigo Testamento”, apostila, Faculdade Teológica Batista de São Paulo, São Paulo, 1996, pág. 4. 

[9]”A formalização constitui, desde o ponto de vista genético, um prolongamento das abstrações reflexivas que já atuam no desenvolvimento do pensamento, mas este prolongamento acontece através de especializações e generalições que se tornam dominantes, adquirindo uma liberdade e uma fecundidade combinatória que sobrepassam amplamente e em todas as partes os limites do pensamento natural, mediante um processo análogo àquele, segundo o qual o possível transborda o real”. Piaget, Jean, “La Epistemologia Genética”, A. Redondo Editor, Barcelona, 1970, pág. 84. 

[10]Davidson, F, “O Novo Comentário da Bíblia”, Ed. Vida Nova, São Paulo, 1994, pág. 160 

[11] “A aquisição da linguagem é uma questão de crescimento e maturação de capacidades relativamente fixas, em condições externas adequadas. A forma da linguagem adquirida é determinada em grande parte por fatores internos”. Chomsky, Noam”, “Linguística Cartesiana”, Ed. Vozes, Petrópolis, 1972, pág. 80. 

[12]Chomsky, Noam, obra citada pág. 23. 

[13]Mullins, Edgard Young, “The Christian Religion in the Doctrinal Expression”, Philadelphia, Judson, 1954, pág. 237, 431, in Harbin, obra citada, pág. 5.


Fonte: Jorge Pinheiro, História e religião de Israel, origens e crise do pensamento judaico, São Paulo, Editora Vida, 2007, pp. 59-65.

domingo, 4 de setembro de 2016

Teologia do Livro de Êxodo




Teologia do Livro de Êxodo

Teologia do Livro de Êxodo


A revelação de Deus no livro de Êxodo desenvolve a partir de uma divindade distante de um povo oprimido no Egito para um em relação íntima com o povo de Israel em seu caminho para a terra prometida. O resultado dessa teologia é valiosíssima, impactando os conceitos e idéias teológicas do resto do Velho Testamento .

Talvez a melhor maneira de abordar a teologia do livro inicia-se com o seu desenvolvimento literário, pois a revelação de Deus se desdobra em diferentes formas como os avanços livro. Ela começa com Deus libertando os israelitas da opressão no Egito (cap. 1-19). Livramento leva à responsabilidade por parte do povo de Deus (cap. 20-40). Geograficamente, a primeira parte se passa no Egito, enquanto a segunda parte começa e termina no Monte Sinai, no deserto. Os temas incluem a libertação (capítulos 1-19), a Aliança (cap. 20-24, 32-34) e a presença (capítulos 25-31, 35-40) .

§1. Desenvolvimento literário da Teologia.

O livro começa por traçar o crescimento da família de Jacó no Egito. Como nação, Israel sofre a opressão do Faraó (1:8-10). Apesar das terríveis condições, a nação continua a crescer (1:12), um indício de que Deus está abençoando-os. São tomadas novas medidas para impedir a sua explosão populacional, mas as parteiras se tornam instrumentos de salvação, ao invés de morte, porque "temia a Deus" (1:17). O texto afirma que Deus as abençoa por suas ações em preservar a vida (1:20-21).

A partir de 2:10, o narrador segue a história de uma criança. Ele é chamado Moisés, pois a filha de Faraó "chamou-o para fora da água." Seu nome também pode significar "libertador", adequado ao seu papel como um agente humano para resolver a repressão pelo Faraó. Seu zelo em aliviar a opressão leva à infelicidade e desânimo pessoal (2:11-15), mas estabelece a iniciativa divina levando à completa libertação. O capítulo 2 termina com os gritos de Israel a Deus e a mensagem de que Deus ouve-os (vv. 23-25) .

A mudança dramática acontece quando Deus aparece a Moisés. A revelação da vontade e do plano de Deus gira em torno da conversa com Moisés. Primeiro, Deus aparece em uma sarça ardente (3:2), produzindo um espaço santificado (3:5). Então, Deus fala diretamente com Moisés. Deus revela que ele é a mesma divindade que os patriarcas conheciam (3:6), e está preocupado com a libertação de Israel (3:7-9) , e quer usar Moisés na tarefa (3:10).

No processo da conversa, Deus também revela um nome pessoal, Yahweh (3:15). Com base na frase enigmática em 3:14, "Eu sou quem eu sou", esse nome revela que Deus existe como uma divindade que está ativa e vai trabalhar em favor de Seu povo. A mera existência não está na mente, mas na vontade de trabalhar para a libertação israelita. O nome age como uma palavra de garantia a Moisés e aos israelitas. A confirmação adicional da capacidade desta divindade fica evidente nos sinais dados a Moisés para responder a suas objeções ao chamado de Deus (4:1-9) .

Mais esclarecimentos sobre o nome "Yahweh" ocorre no discurso tranquilizante feito para Moisés de Deus em 6:2-9. Após as tentativas iniciais de Moisés no livramento de Faraó falharem, o Senhor coloca a cena em perspectiva teológica. O parágrafo gira em torno da fórmula da autoidentificação, "Eu sou o Senhor " (Êxodo 6:2 Êxodo 6:6 Êxodo 6:8) . No passado, os patriarcas conheciam a Deus como Deus Todo-Poderoso. Eles não entendiam a capacidade total do nome "Javé". Essa limitação vai agora mudar. A continuidade com o passado descansa no pacto feito com seus pais (6:4-5), mas a revelação completa do nome vai envolver a libertação da escravidão do Egito, a redenção pelos próprios atos poderosos de Deus, a eleição de seu povo, o conhecimento relacional do Senhor como seu Deus, e a conclusão das promessas envolvendo a herança de uma terra (6:6-8). Embora as pessoas não fiquem impressionadas com esse relato, o livro registra o cumprimento do discurso e, portanto, a revelação da plena capacidade desta divindade, Yahweh .

As dez pragas mostram o poder de Yahweh. Natureza se curva sob a vontade deste Deus. Cada praga torna-se mais perigosa. Elas vêm em ondas de três, a terceira confirmava as duas anteriores. Embora os mágicos do Faraó imitassem algumas das pragas, os poderes humanos em breve desapareceriam.

O conflito com Faraó, e, provavelmente, com tudo o que ele representa, é enfatizada pela narrativa. Quase todos os relatos das pragas observa a atitude obstinada do Faraó, uma atitude que exteriormente pode ceder diante do perigo do momento, mas desparece quando a praga diminui. Deus usa essa dureza para seus propósitos (ver Êxodo 07:13 Êxodo 07:22 , Êxodo 08:15 Êxodo 08:19 Êxodo 08:32 , Êxodo 09:07 Êxodo 09:12 Êxodo 09:35 , Êxodo 10:20 Êxodo 10:27). Quais são os efeitos? A narrativa relata um propósito com as palavras: "Os egípcios saberão que eu sou o Senhor" ( 07:05 , 08:22 , Êxodo 09:14 Êxodo 09:16 ; 10:1-2 ). Os atos de Deus apontam para uma realidade que é capaz de trabalhar de forma poderosa. Claro, Israel também veria esta divindade em operação. A segunda finalidade surge no contraste direto dos deuses e o Senhor do Egito. Cada praga trata de uma divindade do panteão do Egito (cerca de 500-2000 deuses), incluindo a décima praga contra o filho primogênito (12:12) . Yahweh é o Deus dos deuses .

A libertação da opressão resultada da disputa. Israel deixa o Egito. Uma coluna de nuvem de dia e uma coluna de fogo à noite representam a presença de Yahweh ao levá-los. Os egípcios seguem e tentam destruí-los junto ao Mar dos Sargaços (cap. 14). Em vez disso, a libertação vem do Senhor, através da divisão do mar. O exército egípcio se afoga quando eles tentam seguir. Suas palavras antes da destruição explicam a intenção dos acontecimentos: "Porque o Senhor está lutando por eles contra o Egito" (14:25) . Yahweh "salva" Israel; Ele "é um guerreiro" que lutar pelo povo de Israel (14:30, 15:3) . Como resultado, as pessoas acreditam em Yahweh e em seu servo Moisés (14:31). Capítulo 15 relata em canção a vitória de Yahweh.

Deus continua a fornecer suas necessidades ao passo que eles marcham em direção ao Monte Sinai. Quando eles sofrem com a água amarga em Mara e sem água em Refidim, Deus oferece Sua provisão (Êxodo 15:22-27; 17:1-7 ). Quanto ao ataque dos amalequitas, o Senhor mais uma vez luta para pelos seus servos (17:8-13). Por fim , eles chegam ao Monte Sinai e experimentam a presença do Senhor em uma teofania de raios e tempestade (cap. 19). As pessoas "temem" Deus enquanto se preparam para encontrá-lO através do papel de intermediário desempenhado por Moisés. Esta deidade é o seu Deus, e eles vão agora ao seu encontro.

Como povo de Deus, Israel deve ser responsável pelas estipulações da aliança dada na montanha. Israel concorda em obedecer (19:8). Após os mandamentos, os preceitos do pacto são apresentados e a aliança é estabelecida com o sangue aspergido sobre o povo (24:8) .

O relacionamento com o Senhor exige obediência. Nenhuma outra razão é dada exceto a que o Senhor exige. Um levantamento das Dez Palavras ou Mandamentos (20:1-17  e o "Livro da Aliança" (20:22-23:33) indica que as instruções de Deus cobrem dimensões verticais e horizontais, envolvendo atitudes e ações corretas em relação Deus e para com a humanidade. Cada área da vida deve ceder à relação de aliança com o Senhor, de modo familiar, são apresentados os direitos sociais, individual e corporativa.

Enquanto Moisés e Josué permanecem na montanha para receber as tábuas de palavras, as pessoas agem em rebelião, fazendo um bezerro de ouro para adoração e liderança (32:1). O pacto é quebrado dentro de 40 dias depois que ele é iniciado. Depois de tudo que o Senhor tem feito por Israel, eles se afastam. Como resultado de sua idolatria, Deus ameaça abandonar Israel (32:7-10). Moisés intercede em favor de seu povo (32:11-14, 33:12-16). Ele percebe que Israel não é nada sem o Senhor. De alguma forma inexplicável, provavelmente por causa da aliança, o caráter de Deus agora está nivelado com o destino de Israel, o povo de Deus (33:13). Deus age em graciosidade e não destrói Israel (33:19, 34:6-7). A aliança é renovada (34:10-28) .

Nesta ocasião, Moisés recebe uma revelação especial do caráter de Javé. Ele pede um olhar para a glória de Deus (33:18). A audácia do pedido é ignorado, e o Senhor promete revelar toda a sua "bondade" (33:19). Se a "glória" e "bondade" são a mesma coisa não é explicado. Mas quando o Senhor passa por Moisés sobre a montanha, seis palavras ou frases são proclamadas que fornecem uma das mais completas descrições do caráter do Senhor, não importa se em relação à glória ou bondade. Javé é compassivo, misericordioso, longânimo, e abundante em benignidade, e abundante em fidelidade, e perdoa (34:6-7) .

Tecidas entre os capítulos sobre a aliança e sua violação, as instruções do Senhor sobre a construção de um símbolo da presença do Senhor no meio de Israel, o tabernáculo, são registradas. As orientações precisas para os materiais do santuário e de vestuário do sacerdote são dadas. Estas instruções servem como modelo para as ações de capítulos 35-40 quando é erguido .

O tabernáculo cumpre a promessa do Senhor de habitar no meio de Israel (cf. 6:8). Ele fornece um local onde a adoração e a instrução têm lugar. No Monte Sinai, a glória do Senhor veio como fumaça envolvia na montanha (24:16). Mas a montanha não era o lar permanente para Israel, o santuário se moveria com Israel. O Senhor quer sempre estar no meio de seu povo por esta habitação.

Quando o tabernáculo é dedicado, a glória do Senhor se instala sobre ele (40:34). O livro termina com a presença do Senhor que conduz ao santuário. O Deus que se encontrou Moisés na sarça ardente (cap. 3) e as pessoas na montanha ( cap. 19-20) reside agora no meio de Israel.

§2 Reflexões Teológicas. 

O livro do Êxodo é rico em teologia. Sua principal importância reside na libertação de Israel de Deus da escravidão do Egito. Confissões de fé e adoração corporativas no Antigo Testamento a partir deste ponto derivam dos eventos do êxodo. Quase todas as partes do livro nos trás recompensas para a reflexão teológica. Alguns aspectos teológicos se destacam e devem ser observados.

"Nome" Teologia: Yahweh . Em Israel , um nome representava o personagem. O nome pessoal do Deus de Israel é revelado neste livro. Moisés supõe que as pessoas estão indo perguntar o nome de Deus. O que ele está a dizer a eles? Sua pergunta pressupõe mais do que um nome, o nome que responde o que esta divindade podia fazer por Israel. Deus responde: "Eu sou quem eu sou" (3:14) , uma frase que continua a pedir interpretação. No contexto, o nome indica que este deidade atuará em nome de Israel.

Como é que este ato Deus? O discurso de reafirmação do Senhor em Êxodo 6 afirma que Ele apresenta continuidade com suas ações nos dias dos patriarcas e vai revelar-Se mais plenamente como um Deus que liberta da opressão, redime, elege, estabelece uma relação, e cumpre suas promessas (6:6-8).

O Senhor confirma suas declarações por ação, evidenciadas pelos acontecimentos do livro. Faraó, os egípcios, Moisés e o povo de Israel testemunham a qualidade do Nome. Por esta razão, o nome não deve ser utilizado de uma forma vazia, de acordo com a terceira ordem (20:7). Quando Deus passa por Moisés sobre a montanha, o anúncio começa com uma repetição dupla, "Senhor, Senhor" (34:6), e é seguido por termos teológicos que explicam o caráter de Deus de glória ou bondade, toda a parte do conteúdo que esta divindade é. Yahweh é o nome do Deus de Israel, com pleno sentido para eles.

"Poder de Deus" na Teologia . O Livro de Êxodo exala o poder do Senhor. Nas dez pragas, o Senhor coloca o seu poder contra o poder do Faraó. Cada praga mostra o controle deste mundo de Deus. Moisés participa como o mensageiro porque ele foi testemunha de alguns milagres para afirmar o chamado de Deus ( 4:1-9 ) .

Dividir o Mar Vermelho se destaca como um grande exemplo do poder de Deus (cap. 14). O evento não só economiza Israel, mas também destrói seus inimigos, o exército egípcio. O capítulo 15 celebra este poder de Deus para trazer a vitória (ver 15:6 ; Cf. "braço direito" em Isaías ). A salvação vem dos atos poderosos de Deus, melhor visto na despedida do mar.

Além disso, a provisão de Deus para Israel mostra Seu poder. Água, maná, ajudam em combate, e orientação exibe Suas habilidades para atender as necessidades de Israel.

Teologia da Santidade. Êxodo 15:11 pergunta: "Quem é como tu, glorificado em santidade?" Na sarça ardente, Moisés é avisado para tirar as sandálias porque a área é "terra santa" (3:5). Qualidade moral exemplifica esta divindade. Os mandamentos assumem a santidade de Deus. À luz de quem é Deus, Israel deve ser "uma nação santa" (19:6), obedecendo os mandamentos e preceitos (ver Levítico e a palavra "santo"). O Livro da Aliança (cap. 21-23) descreve as expectativas para a medida da santidade de Israel: tudo na vida deve ser vivida em sua luz.

Fidelidade na Teologia. Observamos muitas frases em Êxodo da fidelidade de Deus em termos de "lembrança". Deus lembrou-se do Seu pacto com os "pais", Abraão, Isaque e Jacó (2:24; 3:6 ; 6:3). Lembrar suas promessas significa que ele age à luz de sua lembrança. Neste caso, ele envia um libertador (Moisés), que vai levar Israel para a terra prometida aos patriarcas (6:8 , 15:17) .

As promessas de Deus a Moisés e ao povo de Israel também se tornam realidade. O livro registra sua fidelidade. Em troca, Israel deve ser fiel ao Senhor. O primeiro mandamento afirma que eles "não devem ter outros deuses diante" desta divindade (20:2). Não há ídolos ou imagens que devam substituir esta divindade (20:4). Afinal, não há outros deuses que possam ficar com esta divindade (15:11). A vitória sobre os deuses do Egito confirmam este ponto de vista .

O fracasso de Israel em ser fiel ao Senhor leva ao julgamento de Deus (Êxodo 32:10 Êxodo 32:28 Êxodo 32:35). Israel sabe que o Senhor deve ser temido, pois eles testemunharam o Seu trabalho no Egito e vivenciaram a sua presença na montanha (20:19-20). No entanto, sua memória parece breve. A ira de Deus pode ser evitada por intercessão (8:8; 32:30-34) e o arrependimento tem a possibilidade de aversão da ira de Deus, embora o Faraó não faça-o de uma forma significativa. A não observância pode levar a uma oferta pelo pecado, um ato que satisfaz a Deus (29:10-14). A expiação pelo sangue purifica os sacerdotes (29:35-37) e o povo (24:6-8), satisfazendo a ira de Deus .

Deus considera Israel responsável por obedecer suas instruções. Salmos 78 e 106 contam o que Deus fez no livro do Êxodo e como Israel conhecia os mandamentos, mas não conseguiu obedecer. O relacionamento exige que ambas as partes ajam fielmente.

Teologia da Salvação. Deus age para salvar Israel de sua situação. A salvação tem um lado tangível, ou seja, a libertação do Egito. Deus inicia a sua salvação através da observação dos gemidos de Israel (3:7). Ele, então, toma medidas para concretizar a mudança, primeiro pela escolha de um libertador (cap. 3) e , em seguida, trazendo os filhos de Israel do Egito (15:13).

A redenção leva a uma relação permanente com a divindade que trabalhava por Israel. Embora a redenção possa ser limitada às condições políticas e econômicas, como os teólogos da libertação argumentam, o relato em Êxodo inclui e vai além dessas áreas. A relação com o seu benfeitor vai impactar toda a sua existência. "Aliança", a palavra bíblica que indica a relação, exige total comprometimento de ambas as partes, embora Deus já trabalhou e vai provar fiéis no futuro. A lembrança da maneira como Deus tem trabalhado ocorre nos festivais (23:14-17), a Páscoa é o que ensaia os eventos do êxodo (cap. 13). Os festivais dizem a Israel que Deus operou no passado e vai continuar a trabalhar no presente e no futuro.

Israel foi escolhido por Deus (6:7). Eles são o seu povo, e ele é o seu Deus. Ele os trouxe para fora do Egito, salvando-os, e agora pede a obediência às Suas instruções (20:2). Isto estabelece o pacto sobre o fundamento das ações de Deus, ações com base em sua escolha e graça.

Teologia da "Presença". A revelação da presença de Deus desenvolve a partir de ocultação para um local permanente de presença, o tabernáculo. O narrador indica que Deus se esconde no fundo, nos dois primeiros capítulos. No capítulo 3, o Senhor fala a Moisés, revelando a si mesmo e seus planos. Ele até dialoga com Moisés, mostrando que ele fala em formas que os seres humanos entendem .

Como o livro se desenrola, a presença de Deus toma direções tangíveis com instruções específicas a Moisés no Egito e na montanha. Israel testemunha a presença de Deus em meio à tempestade no Monte Sinai. À medida que as pessoas se aproximam da divindade que vem trabalhando em favor deles, eles temem por si e perguntam a Moisés que continue a interceder por eles (20:18-21). É como se eles precisassem de distância de Deus, a presença se aproxima, mas o povo não pode suportá-la. Deus continua a falar através de Moisés, mas Israel é responsável pelas palavras de seu líder.

Para demonstrar mais claramente a presença de Deus, o tabernáculo foi construído. A presença de Deus repousa no meio de Israel no tabernáculo. Ele usa o véu por causa da presença de Deus de uma forma que as pessoas podem olhar para ele. O Senhor se reúne com Moisés ali. As pessoas entendem as implicações por causa do simbolismo específico do santuário no centro do acampamento.

Com o Senhor, em sua essência, Moisés como intermediário, e as pessoas em relação a aliança, Israel pode avançar além do Livro do Êxodo a experimentar a vontade do Senhor. O livro começa a grande aventura de uma nação em relação com a sua divindade, Yahweh.


G. Michael Hagan


Outros estudos da teologia do Antigo Testamento:

Cf. Teologia do Livro de Rute
Cf. Teologia do Livro de Isaías
Cf. Teologia do Livro de Daniel
Cf. Teologia do Livro de Provérbios

Mais estudos bíblicos sobre o livro de Êxodo: Introdução ao livro de ÊxodoEsboço do livro de ÊxodoEstudo do livro de ÊxodoPanorama do livro de ÊxodoSignificado do livro de ÊxodoEstudo devocional do livro de ÊxodoComentário do livro de ÊxodoAutoria do livro de ÊxodoEscopo e Propósito do livro de Êxodo; Interpretação do livro de Êxodo
POSTAGEM RETIRADA DA BIBLIOTECA BÍBLICA  na internet.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016


Teologia do Êxodo - Encontro de Catequese para crianças 9 a 11 anos

  • Tema: Teologia do Êxodo por meio de um texto bíblico do Primeiro Testamento.
  • Público alvo: Crianças 10 a 11 anos.
  • Duração: 5 semanas( uma vez por semana,uma hora e meia).
  • Local:  Catequese
  • Objetivos a serem alcançados: *Reler a experiência do Êxodo na Bíblia, na vida familiar e na própria vida(Que as crianças conheçam sua história    e suas origens, como se deu, quando se deu,  quem foi o  autor e de quem Ele, o Senhor usou para concretizar um dos  grandes eventos da história de libertação do povo de Deus) .
  • Recursos Pedagógicos a serem utilizados: Canções, filmes, Bíblia, Textos, sulfit, lápis de cor e caneta.
  • Metodologia a ser aplicada: Participativa e Dinâmica...
  • Textos bíblicos principais a serem trabalhados (à sua escolha): Textos do Primeiro Testamento
  • E uma proposta de avaliação com os participantes: Pequena partilha(Será feita, por meio de depoimentos dos  participantes na quinta semana).

Obs:Vou iniciar esta catequese contando a história do povo hebreu,  desde José no Egito. Penso que ter uma  sequência de fatos históricos, dará aos catequizandos uma visão mais ampla e clara deste grande feito de Deus.

1)  Primeiro Encontro parte I Filme de José no Egito (versão para crianças)1:30 min.

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Obs. Nós descendemos deste povo. Nossa origem está bem ali atrás juntamente aos Hebreus (falar um pouco com os catequizandos sobre nossa origem). Hebreu(Etmologicamente, a palavra “Hebreu” pode derivar do verbo “avar”, que em hebraico significa “ultrapassar”, “passar”, “ir além”. De “avar” vem “ivrì” (“passado além”). Muitos veem nessa raiz etmológica uma referência à viagem de Abraão, que, como nômade, deixou a Mesopotâmia para se estabelecer na região de Israel.)Abraão pai de  Isaac, pai de Jacó e Esaú. Moisés era da tribo de Levi.

2)  Segundo encontro parte II: Filme de Moisés (versão para crianças) 1:30 min

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 -Mostrar num mapa a localização do Egito( Situar geograficamente, será Importante para as crianças ver onde aconteceu o grande evento de libertação do povo de Deus).

3) c)Terceiro encontro Parte III:  (Será feito em duas etapas)

PS: Falar  sobre as grandes intervenções de Deus para livrar Seu povo. Procurar ministrar com emoção, interação e ênfase na ação de Deus. Evitar a simples exposição monótona dos fatos! Interajir com os catequizandos e ser uma apreciadora com eles do evento relatado na Bíblia.

 Oração Inicial: Preces espontâneas e canções de libertação.

Motivação (ver):
- Lembro filme do encontro anterior e perguntar a eles  sobre o que entenderam da história de José.
- Depois, perguntar aos catequizandos sobre o que eles fazem diante de uma injustiça que acontece na rua, na escola, no trabalho ou em outros lugares. E se eles já procuraram defender alguém mais fraco do que eles
- Lembrar os catequizandos  do  último encontro. Conversar sobre  o filme  e perguntar a eles  sobre o que entenderam da história de Moisés(cada história no seu tempo para não confundir).
Obs. Esta  partilha será feita rapidamente. Uns 15 min. mais ou menos para cada filme..



 PARTE I:  Colocação do Tema (julgar) 

*Observação: cada passagem bíblica nós leremos   na Palavra de Deus(Bíblia das crianças).Claro que, as passagens extensas nós a localizaremos e não leremos tudo pois, o tempo não ajuda. Mas, o importante é localizá-las na Palavra.

Leitura Bíblica: Êx 2,1-10; 3,1-15; 12,1-14; Êx 7-11(cap. 7 ao 11).

  José e seus irmãos formaram um povo que ficou escravo do Faraó. Como aumentava cada dia mais o número de hebreus. o Faraó mandou que matassem todos os filhos que nascessem desse povo.
- O Rei Faraó, de quem nos fala o Livro do Êxodo, começa a reinar muito tempo depois da época em que José levara para o Egito seu pai e seus irmãos. Quanto tempo se passou? A Bíblia fala em 400 anos...
- Nessa época o Egito era uma civilização muito rica. A vida rural era muito próspera: em algumas regiões chegavam a ser feitas quatro colheitas por ano, porque as águas eram represadas tecnicamente. A cultura era muito adiantada.
- "Mas os filhos de Israel, fecundos como eram, multiplicaram-se, tornaram-se numerosos e extremamente poderosos" (Êx 17)
- Havia uma grande preocupação com os ricos: o aumento da população pobre. A multiplicação dos hebreus na terra egípcia começa a inquietar os dirigentes do país. (Êx 1,9-10). O governo da ordens para o controle da natalidade dessa população estrangeira. A Bíblia fala, particularmente, de duas decisões dos governantes:
1- Trabalhos forçados para os hebreus.

2- Mais radical: o decreto para matar todos os filhos dos hebreus do sexo masculino (Êx 1,5-22)
- Assim Moisés nasce no Egito neste período de repressão e escravidão dos hebreus. Ele é um menino da Tribo de Levi. Seu nascimento é o nascimento de um povo, o povo de Israel. Durante algum tempo a mãe o esconde e, para evitar que ele morra, coloca-o numa cesta e o abandona no rio Nilo (Êx 2,10). Mas salvo das águas pela princesa egípcia, Moisés é educado em ambiente principesco e "iniciado em toda sabedoria dos egípcios" (At 7,22).Em determinado momento Moisés recebe o chamado de Javé para libertar seu povo. Deus ouve os lamentos e gemidos do seu povo e vem socorrê-los. Deus revela seu nome e se apresenta como "Eu Sou". Deus se manifesta grandiosamente com prodígios e portentos. Moisés é o escolhido para guiar o povo Hebreu para uma terra que emana leite e mel. O povo celebra a Páscoa rapidamente e sai às pressas.

Obs.: esta introdução será exibida em slides.

 A partir desta introdução, abaixo seguem algumas pistas para falar do tema aos catequizandos:

1 - Falar da vocação de Moisés, que era a de libertar o seu povo 
2 - Falar das dificuldades na missão de libertação do povo.
3 - As 10 pragas do Egito
4- A saída do Egito.
5 - A Páscoa de ontem e hoje:  simbolo da libertação desse povo.
6- Quem é hoje o novo "Moisés"?


4) Quarto encontro - PARTE II:      Ação (Agir Transformador):  

 Conversar com os catequizandos os seguintes tópicos

- Os descendentes de Abraão estavam sofrendo muito por causa do Faraó.Deus ouve o clamor do povo e segue com seu plano para libertá-los.
- Moisés foi adotado pela filha do rei. Poderia ter tido uma vida tranquila e feliz, tendo à sua disposição muitas riquezas, mas Moisés viu  o sofrimento do seu povo, atendendo o chamado de Javé quis ajudá-los com o auxílio do seu Senhor..

- Moisés quis defender o seu povo, por isso zombaram dele e ele foi perseguido.

- Deus gosta daqueles que não fecham os olhos e o coração diante do sofrimento dos irmãos, por isso escolheu Moisés para uma grande missão: ser líder do povo de Deus.

-  Falar sobre a revelação do nome de Deus "O Eu Sou"
- Falar da celebração da Páscoa dos Hebreus realizada às pressas e o seu significado maior
- Como reviver hoje a experiência de Moisés?

 - O que é ser escravo hoje?
* Procurar fazer paralelo com o hoje da vida dos catequizandos e o ontem com a história de libertação do povo.
- Perguntar aos catequizandos se hoje acontecem coisas parecidas no seu bairro, na escola, na sua rua, no Brasil, no mundo. E o que eles podem fazer para ajudar este mundo ser melhor.
O que é ser escravo hoje?
- Como reviver hoje a experiência de Moisés?


***Concluindo com os catequizandos o tema trabalhado:
Deus caminha com  seu povo desde sua origem, não estamos sós.  Deus usa de quem Ele quer e como quer para que seu plano de vida e salvação se concretize já aqui nesta  terra de dor e sofrimento. Devemos ter fé  e esperança. Acreditar que Deus está no comandoDeus sonda nossos corações, ouve nossos lamentos e  gemidos e nos atende. Deus é companheiro e amigo de todas as horas difíceis da nossa caminhada nesta terra peregrina. Estamos aqui caminhando para  uma Terra que emana leite e mel para todo sempre... o Reino celestial que há de vir e que Jesus Cristo já preparou para todos nós.


ATIVIDADE:
Obs. Trabalhar junto com os catequizandos, mas, sem dar respostas, ir apenas orientando.:


1. Leia os capítulos 1 a 4 de Êxodo e coloque as frases na ordem correta (de 1 a 5) dos acontecimentos:

a-_____ Moisés vê a sarça ardente em Horeb
b-_____ Moisés foge para a terra de Madiã
c-_____ Deus chama Moisés para libertar o povo de Israel
d-_____ Faraó decreta a morte dos recém-nascidos meninos hebreus
e-_____ Moisés apresenta desculpas para não atender o chamado de Deus, mas, por fim, acaba voltando ao Egito

2)     Leia os versículos indicados e descubra mais fatos sobre a lição de hoje:

a) Êxodo 3,17: o que haveria na terra que Deus prometeu ao povo israelita?
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b) Êxodo 3,1: como também é chamado o monte Horeb?
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c) Êxodo 2,16-17: o que Moisés fez quando os pastores queriam expulsar as moças?
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d) Êxodo 4,1-9: quais os 3 sinais que o povo israelita veria em Moisés para que acreditasse que fora enviado por Deus?
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…………………........................................................................................................

e) Êxodo 3.13-14: como Deus disse que era seu nome?
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f) qual o número de pragas enviadas por Deus ao faraó para libertar seu povo e quais são elas (Êx 7-10).
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g) Crianças, depois de assistirmos ao filme, estudarmos a  história de Moisés na Palavra, para você: Qual a ideia que cada um faz do Deus de Moisés e nosso Deus também?
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h) Celebração
Começar com um canto sobre libertação  e fazer depois, um momento de silêncio para o catequizando falar com Deus sobre os sofrimentos do povo, hoje.
Colocar numa oração espontânea, as preocupações da nossa família e comunidade.

5) Quinto encontro - Atividade II  : AVALIAÇÃO ORAL NA QUINTA SEMANA-Faremos uma partilha( Observar o que as crianças guardaram no coração).


***Ps: De acordo com o andamento da catequese, se necessário for, estenderei  para mais uma ou duas semanas.
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Bibliografia: Livro do Catequista: fé,vida e comunidade. Centro Catequético Arquidiocesano: coordenação Ir. Mary Donzellini). São Paulo: Paulus, 1994.(CATEQUESE KIDS)